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domingo, 25 de setembro de 2016

As secções de venda tradicional vão perder importância a favor da venda em livre-serviço!

No “post” da semana passada – Falando de “serviços” – foi abordado o tema dos serviços como meio de acrescentar valor aos produtos. É quase instintivo pensar que as seções de venda tradicional tais como o talho, a charcutaria, a padaria, a peixaria respondem a esta ideia; no entanto, os grandes grupos de distribuição parecem evoluir para menos venda tradicional e mais venda em livre-serviço nestas secções estratégicas.

Os sinais de uma evolução em curso 
Parece que as insígnias de destaque estão a educar os consumidores para a escolha dos produtos em cuvete ou em embalagem de livre-serviço. A observação do que se passa nas lojas parece mostrar que a técnica utilizada baseia-se em cansar o cliente na fila de espera, colocando poucos empregados para atender os clientes, certos empregados apresentando tecnicamente falhas no conhecimento dos produtos, no bom tratamento do cliente e na destreza esperada de um profissional minimamente qualificado. Em contrapartida, notam-se claramente esforços para multiplicar as referências, a valorização e a visibilidade dos produtos no móvel frio de venda em livre-serviço. 

As razões desta evolução que parece estar em curso
Existem várias razões ligadas ao contexto geral do mercado e às exigências legais que são cada vez mais rigorosas. Entre estas últimas podem ser citadas nomeadamente as seguintes: 
- A produção de carne está baseada em explorações de “giga” dimensão que fornecem uma indústria de transformação tecnologicamente avançada, e que consegue verticalizar uma multidão de operações de corte e de embalagem; 
- A força dos operadores a montante obriga os distribuidores a jusante a adaptarem-se aos novos modos de escoamento;
- Nos grupos de distribuição, a direção dos Recursos Humanos vê certas seções de especialização profissional, como por exemplo o talho, como um “estado dentro do estado” sendo os cortadores de carne pessoas difíceis de gerir. Também, as exigências em termos de remuneração são vistas como exageradas em relação à rentabilidade das seções. 
- Leis exigentes e incontornáveis foram promulgadas para enquadrar os espaços técnicos das seções especializadas, tornando avultados, em geral, os investimentos necessários; 
- Os espaços ocupados pelas respetivas zonas de armazenamento, de preparação e de conservação são espaços perdidos em termos de metros quadrados de placa de venda produtiva; 
…/… 

E a política de serviço neste contexto? 
Os "majors" da distribuição portuguesa têm vários argumentos a avançar em termos de serviços proporcionados aos clientes com a venda em livre serviço, tais como: 
- O livre serviço evita a perda de tempo numa fila de espera; 
- O nível de preço é igual ao preço no balcão com atendimento; 
- As cuvetes ou as embalagens respondem, através de quantidades ou de pesos diferenciados, a expetativas diferentes dos clientes; 
- A conservação e a proteção dos produtos são seguras através de portas nos móveis de frio e da rastreabilidade dos produtos. 
…/… 

Quais as opções para os retalhistas independentes? 
Se se trata de um retalhista tecnicamente especializado na carne, no peixe, na padaria e pastelaria ou noutras especificidades, a opção pode consistir em desenvolver uma seção com atendimento ao público, baseada no muito bom conhecimento técnico dos produtos vendidos e no atendimento adequado do cliente. 
Se se tratar de um retalhista generalista, a opção consiste em encontrar uma solução de abastecimento regular em termos quantitativos e qualitativos. Esta via pressupõe que os grossistas, fornecedores habituais do retalho alimentar, sejam capazes de assumir essa função. A notar que um retalhistas pode propor uma solução mista aos seus clientes ou seja, um atendimento técnico e especializado ao balcão e referências em cuvetes ou outras embalagens apropriadas vendidas em livre-serviço. 

Esquema 
Bom trabalho 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Falando de “serviços”

Esta na moda falar de serviço, como meio de atrair o consumidor, satisfaze-lo e distinguir-se de uma concorrência agressiva e intensa. A entrada da Mercadona no mercado português, a reorganização dos hipermercados Continente, a penetração das insígnias Bom dia e Intermarché que se vai se intensificar nos centros urbanos, uma hipotética entrada da insígnia Leader Price – insígnia que pertence agora ao grupo Casino depois da resolução do litígio que existia com a família Baud, antiga proprietária -, vão acentuar ainda mais essa concorrência. 

O que é um serviço? Um serviço deve ser percebido como sendo um elemento exterior ao produto, que aumenta o seu valor porque responde às expetativas do mercado em geral ou, a expetativas de grupos de consumidores. A política de serviço é uma ferramenta marketing e baseia-se no bom conhecimento e na boa interpretação das expetativas dos consumidores. A política de serviços concorre obviamente para a maximização das vendas. 

O que é que engloba a política de serviço? 
Os serviços podem englobar ações externas ao ponto de venda aumentando a sua atração e o seu capital simpatia; neste caso a loja é o produto em foco. Por exemplo: 
A amplitude horária em geral e os horários de abertura de uma loja; 
A sinalética de direção para chegar à loja; A facilidade de acesso ao parque de estacionamento; 
A facilidade de estacionar o carro no lugar marcado no solo sem que a porta do carro bata no carro vizinho; 
A existência de abrigo para os carros e os carrinhos de compra; 
…/… 
Os serviços podem englobar ações internas ao Ponto de Venda, com o objetivo de aumentar o nível de satisfação dos clientes. Por exemplo: 
A rapidez e a qualidade do atendimento; 
A facilidade de circular na loja; A facilidade de perceber a organização da loja, para que os clientes possam fazer as suas compras com rapidez; 
A boa colocação das etiquetas de PVP e também a facilidade de leitura das etiquetas; (num mercado com uma população cada vez mais envelhecida, ler as etiquetas com carateres pequenos torna-se um castigo para a “silver generation”, que é um segmento em plena expansão) A entrega a domicílio; neste ponto é preciso ser muito cauteloso para evitar desenvolver um serviço contraproducente. É preciso estudar bem o mercado para saber quais são os segmentos pedidores deste serviço. Desenvolver um serviço de entrega a domicílio para as pessoas idosas pode não ser uma ação ideal quando se sabe que os idosos compram pouco de cada vez e precisam da caminhada da casa à loja para ter um contato social, com a Vida! 
A fluidez de passagem nas caixas de pagamento; 
A existência de modos de pagamentos adaptados ao modo de vida dos consumidores; 
A existência de um leitor de código de barras em livre serviço; 
A existência de uma balança na secção das frutas e legumes; 
Propor aos consumidores uma modalidade de venda adaptada às suas expetativas. De facto, nas seções de produtos frescos tais como a charcutaria, a queijaria, a peixaria, o talho, o take away, segundo a localização da loja, seu posicionamento e o seu “target” ou seja a tipologia dos consumidores contemplados, a venda em livre serviço e em cuvete pode ser um elemento de serviço aos clientes mais indicado e mais acertado do que a venda assistida ao balcão. 
…/… 
Os serviços englobam também e englobarão cada vez mais ações baseadas no uso das novas tecnologias. Por exemplo 
O click and select
O click and collect;
O envio - via sms ou emails - de promoções específicas e/ou privilegiadas; 
A existência da possibilidade de fazer as suas compras on-line com entrega a domicílio. As gerações mais novas estão bastante viradas para esta forma de compra; não porque as compras sejam pesadas ou que eles não gostem de ir às lojas mas sim apenas porque os mais jovens são mais convenientes do que os mais velhos; 
O uso do beaconing ou seja de balizas de informações na loja, nos corredores; 
Podem ser imaginados serviços extra de apoio às pessoas, tais como a recolha de roupa para pequenos arranjos de costura, o empréstimo de pequenos eletrodomésticos ou de ferramentas para obras leves…etc; 
…/…
 Ilustração: Utilizar os serviços para aumentar o valor do produto
As ideias emitidas neste “post” são apenas uma amostra mínima dos serviços possíveis porque o leque de serviços a propor aos clientes é extensíssimo e, depende apenas da capacidade do retalhista ou do responsável marketing de compreender o mercado e de encontrar a solução ou as soluções adaptadas. Certo é que o serviço a oferecer aos clientes não pode ser, salvo caso fortuito ou mera coincidência, uma ideia que o retalhista impõe por achar que sim! 

Bom trabalho. 
O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB


domingo, 11 de setembro de 2016

Os cálculos comerciais são o dia-a-dia do retalhista

Os cálculos comerciais, fundamentais para a gestão de uma loja, não são complicados mas podem originar certas confusões.
Uma futura retalhista gostava de abrir uma loja mas está a ficar confusa em relação à compreensão do que será a sua margem na venda de um produto e, em relação ao Iva. A senhora enviou um mail à alojadaminharua para obter explicações. O conteúdo do mail dela são as partes do texto que se encontram entre aspas.

“Então se um artigo custa 100€+IVA eu vou pagar 123€ por ele ao fornecedor.”
Neste caso:
O artigo custa 100€ sem IVA
Se a taxa de IVA a pagar é de 23%, pagará ao seu fornecedor:
100€ (preço de compra sem IVA) + 23% de Taxa de IVA a incidir neste 100€
= 100€ + (100€ x 0,23)
(0,23 corresponde a 23% ou a 23/100)
= 100€ + 23€
= 123€
Pode observar o seguinte:
100€ + (100€ x 0,23) pode também ser escrito da forma seguinte
(100€ x 1) + (100€ x 0,23) que dá colocando 100 em fator;
100€(1 + 0,23) ou seja 100€ x 1,23
Assim para passar de um preço sem IVA a um preço com IVA basta multiplicar o preço sem IVA por 1,IVA%.

“Supondo que vou vender a 150€+IVA, ou seja a 184,5€, o IVA da venda são 34,5€, como já paguei parte do IVA quando comprei o artigo, então vou subtrair ao IVA que o cliente pagou ao que eu já paguei e apenas vou ter de pagar 11,50€. Ou seja, vou ficar com 50€ de lucro no final descontando o valor total que paguei, 123€ mais o restante IVA a pagar, 11,50€. Penso que seja isto.” 
Neste caso:
Se o preço de venda sem IVA é de 150€ e o IVA é de 23%
O PVP ou seja o Preço de Venda com IVA será de: 150€ x (1,23) = 184,50€
Para saber o montante do IVA basta multiplicar o preço sem IVA pela Taxa de IVA:
No caso: 150€ x 0,23 = 34,50€
Notas:
- O IVA não pertence ao retalhista, o IVA pertence ao estado e o retalhista é apenas o intermediário que recebe o IVA que deverá entregar ao estado;
- O IVA que o retalhista deve entregar ao estado é a diferença entre o Iva que o consumidor pagou quando comprou o produto ao retalhista e o Iva que o retalhista já pagou quando comprou o produto ao seu fornecedor;
- É o consumidor final que em definitivo paga sempre o Iva;
- O retalhista deve efetuar os cálculos comerciais sempre com os valores sem IVA, pois o IVA é fiscal e não comercial e, o retalhista é apenas um intermediário que recebe o IVA pelo estado. Apenas os grupos de distribuição com uma faturação elevadíssima podem “imaginar” soluções para aplicar o IVA de forma a produzir produtos financeiros, durante o período de posse do IVA.

O caso da margem
No seguimento do parágrafo precedente, deve ter compreendido que os cálculos comerciais devem ser feitos a partir de preço sem IVA. Assim, quando fala com os seus fornecedores deveria falar sempre de preços sem IVA e quando estabelecer o seu PVP (preço de venda ao público que contém o IVA) deverá obviamente acrescentar o IVA.
PVP = Preço de venda sem IVA x (1+IVA)
Para saber a margem em valor
Se conhecer o PVP (preço de venda ao público), deve primeiro retirar o Iva de maneira a obter o Preço de venda sem IVA:
No seu caso:
PVP / (1 + IVA) = Preço de venda sem IVA
184,5 / 1,23 = 150€
Subtraindo o preço de compra sem IVA ao preço de venda sem IVA obterá a margem em valor ou seja em Euros.
Preço de compra sem IVA = 100€
Preço de venda sem IVA = 150€
Margem em valor = 150€ – 100€ = 50 €

Para saber como fazer para obter o Preço de venda sem IVA e com IVA a partir de um Preço de compra, poderá - se for necessário - contar comigo para ajudá-la.

O seu sucesso está nas suas mãos!
RB

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Regozijar-se de satisfação pode não ser suficiente

O período estival está a acabar e, para muitos retalhistas, os meses de verão foram meses de grande atividade, com a loja cheia de clientes e a faturação a disparar. São elementos de grande satisfação para qualquer retalhista. 

Mas, mesmo na euforia do momento, convém analisar “os números”, para saber como foram obtidos, porque imaginar razões erradas de sucesso seria o pior que pode acontecer a um retalhista. 
Pois é, o crescimento tem de ser explicado para saber como aconteceu!
O leitor perceberá bastante bem que: 
- Um crescimento de 20% da faturação numa região ou numa zona que conheça um aumento de 20% do turismo pode apenas querer dizer, que a loja não aumentou a sua faturação porque tinha uma organização, um sortido, e um nível de acolhimento e de atendimento fora de série mas apenas porque a loja existia, lá, nessa localidade, e NADA MAIS
- Um crescimento de 40% da faturação nas condições de mercado indicadas acima, quer dizer que a loja conseguiu transformar cada cliente num bom comprador, bem rentabilizado. Nesse caso, podemos pensar que a loja não se limitou a existir mas que conseguiu, isso sim, propor aos consumidores presentes na sua zona de atração condições – organização, sortido, implantação, acolhimento e atendimento – de ALTO NÍVEL

Sejam quais forem as causas do crescimento, a seguir ao Verão os retalhistas deveram definir os passos a dar a seguir, pois o mercado está inserido num movimento que não para.
- Para os retalhistas que cresceram sem saberem como, apenas porque a loja estava ali, convém ver o que deveria ser feito para aproveitar da bonança para reorganizar a loja e torná-la robusta; 
- Para os retalhistas que cresceram porque anteciparam a vinda de mais consumidores, e que tinham preparado a loja em termos de organização e de preparação comercial, convém ver como ampliar o movimento e incorporar na loja as novas ferramentas tecnológicas disponíveis, para fortalecer a relação com os clientes e, que serão amanhã indispensáveis para poder contar. 

Voltamos para mais um ano de bom trabalho antes do próximo Verão! 

O seu sucesso está nas suas mãos! 
RB